Ibovespa despenca 3,9% e vai a 50 mil pontos, após EUA
Na Europa, quedas ficam em torno de 2%. G20 e Banco Central Europeu tentam evitar "segunda-feira negra"
O Ibovespa opera em forte queda neste pregão. O principal índice da praça paulista recuava 3,93% às 11 horas, cotado em 50.869 pontos. Os mercados de ações na Ásia e na Europa também iniciaram a semana em queda, reagindo à notícia de rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela Standard and Poor's. A continuidade da crise da dívida europeia também estressa os investidores.
Duas decisões tomadas neste final de semana tentam aliviar as tensões dos investidores. O Banco Central Europeu (BCE) decidiu comprar títulos da Espanha e Itália, fato que chegou a fazer as bolsas desses países subirem. Além disso, em reunião ontem, os países do G-20, que reúne as maiores economias desenvolvidas e emergentes, garantiram que não vão mudar suas políticas de gestão de reservas. Por ser a moeda usada nas reservas mundiais, o dólar acaba negociando numa situação que parece paradoxal. Mesmo com os Estados Unidos ameaçados, os investidores seguem comprando a moeda, que sobe.
Em Nova York, Nasdaq caía 2,5% e o Dow Jones recuava 1,91%. As bolsas operam em baixa novamente, mas menor do que na última quinta-feira, quando todos os mercados da Europa encerraram com perdas superiores a 3% e o Ibovespa fechou em baixa de 5,72%, na primeira reação mais forte de medo em relação a uma recessão mundial.
Na imprensa internacional, o noticiário trouxe temores sobre uma possível “segunda-feira negra”, em uma reedição do dia 19 de outubro de 1987, quando o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, sofreu uma queda de 22%.
Mas, ao saber do rebaixamento dos Estados Unidos, líderes de vários países dispensaram as folgas para discutir como minimizar os efeitos da notícia e tentar evitar a segunda-feira negra. Oo anunciar a compra de títulos de Espanha e Itália, o BCE limitava os declínios dos mercados. As bolsas da Espanha e da Italia subiam.
Em nota desta manhã, o Banco Fator diz que a semana será "de digestão difícil". Para a instituição, depois de cometerem grandes erros, as agências de rating parecem buscar prestígio perdido com o rebaixamento dos Estados Unidos. "A reação da China não é inteligente: chamar o déficit dos EUA de vício é como chamar o superávit chinês de incentivo ao vício", continua o banco.
De acordo com o Fator, a reação do G20 foi anunciar o óbvio: "ninguém vai vender e desvalorizar seu principal ativo de reserva". Sobre o BCE, a instituição diz que a atitude já foi vista na semana passada, com compra de papéis da Itália e Espanha. "Risco para bancos e soberanos está lá e não nos EUA (que, de resto, emitem os dólares para pagar suas contas)."
Para o banco, a posição dos EUA no centro do império não mudou: "eles ainda vão cobrar muito imposto do mundo pela senhoriagem de emitir dólares". Mesmo assim, a casa acredita que o país entrará em recessão, mesmo sem nota da S&P. As chances de isso não acontecer são pequenas e dependem de o Banco Central do País (se reúne amanhã) partir para uma terceira colocação de dinheiro no mercado.
No mercado de câmbio, o dólar opera em alta frente ao real nesta segunda-feira.
Europa
As bolsas de valores da Europa voltavam a cair nesta segunda-feira e o índice de blue chips recuava pelo 11º pregão seguido, com o rebaixamento da nota da dívida dos Estados Unidos alimentando temores de que a maior economia do mundo possa entrar em uma nova recessão.
O índice DAX-30 da Bolsa de Valores de Frankfurt recuava 2,65% às 10h15 (horário de Brasília). O FTSE-100, em Londres, operava em queda de 1,78% e o CAC-40, em Paris, também registrava baixa de 1,25%.
Na Espanha e na Itália, o mercado chegou a reagir ao anúncio de compra de títulos dos dois países pelo Banco Central Europeu, e abriu o pregão desta segunda-feira em alta. Mas às 10h15 os índices já tinham virado. O FTSE MIB da Bolsa de Valores de Milão operava em queda de 0,53%. Na Espanha, o IBEX 35 INDEX registrava baixa de 0,19%.
Lideranças mobilizadas
Durante o fim de semana, as principais lideranças econômicas globais discutiram a situação do mercado, para evitar uma onda de contágio global.
Integrantes do grupo das 20 principais economias industrializadas e em desenvolvimento (G-20) disseram estar preparados para agir de forma coordenada com o objetivo de estabilizar os mercados financeiros e proteger o crescimento em meio à queda geral das bolsas asiáticas.
Os governos dos países do G-20 vão continuar em contato próximo e agir conforme a necessidade para "assegurar a estabilidade financeira e a liquidez nos mercados financeiros", diz um comunicado conjunto dos ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do G-20, divulgado pelo Ministério de Estratégia e Finanças da Coreia do Sul.
Bolsas asiáticas
Em Tóquio, o índice Nikkei 225 fechou no nível mais baixo desde 17 de março. O índice caiu 2,2% e terminou aos 9.097,56 pontos. Na sexta-feira, a bolsa já havia fechado em queda de 3,72%, ainda repercutindo o pessimismo sobre a crise da dívida dos Estados Unidos e a na Europa.
Em Hong Kong, a Bolsa estendeu as perdas pelo quinto pregão consecutivo e o índice Hang Seng teve queda de 2,2%, aos 20.490,57 pontos.
Na China, as Bolsas tiveram a pior pontuação em mais de um ano, com as preocupações de que as turbulências globais poderão atingir fortemente o país asiático. O índice Xangai Composto caiu 3,8% e terminou aos 2.526,82 pontos, o pior fechamento desde julho de 2010 e maior queda diária porcentual desde novembro. O índice Shenzhen Composto baixou 4,4% e encerrou aos 1.113,37 pontos.
O yuan se valorizou em relação ao dólar, após o rebaixamento da nota dos EUA. Isso fez com que o Banco Central chinês rebaixasse a taxa de paridade central dólar-yuan para o seu recorde histórico (de 6,4451 yuans para 6,4305 yuans).
Na Coreia do Sul, a Bolsa de Seul apresentou queda pelo quinto pregão seguido, na menor pontuação em quase dez meses, com agressivas vendas por parte de investidores de varejo. O índice Kospi recuou 3,82% e terminou aos 1.869,45 pontos, o pior fechamento desde 19 de outubro de 2010 - o índice acumula perdas de 14% nas últimas cinco sessões.
A Bolsa de Sydney, na Austrália, teve a pior queda em dois anos. O índice S&P/ASX 200 baixou 2,9% e encerrou aos 3.986,1 pontos.
Bolsas no mundo
A queda nos mercados acionários começou mais cedo, em bolsas de menor expressão, e antes do anpuncio do BCE. No pregão de domingo, o primeiro dia útil em Israel, a bolsa de valores local fechou em forte baixa de 6,99%. Mais cedo, no início do pregão, a bolsa de Israel entrou em circuit breaker (quando as operações são suspensas), ao abrir os negócios despencando 6,5%.
A Bolsa da Arábia Saudita, a primeira a operar após o rebaixamento dos EUA, na sexta-feira à noite, fechou o domingo praticamente estável, em leve alta de 0,08%. No sábado, o pregão pós-rebaixamento, o mercado local havia caído 5,4%.
(com agências)
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Duas decisões tomadas neste final de semana tentam aliviar as tensões dos investidores. O Banco Central Europeu (BCE) decidiu comprar títulos da Espanha e Itália, fato que chegou a fazer as bolsas desses países subirem. Além disso, em reunião ontem, os países do G-20, que reúne as maiores economias desenvolvidas e emergentes, garantiram que não vão mudar suas políticas de gestão de reservas. Por ser a moeda usada nas reservas mundiais, o dólar acaba negociando numa situação que parece paradoxal. Mesmo com os Estados Unidos ameaçados, os investidores seguem comprando a moeda, que sobe.
Em Nova York, Nasdaq caía 2,5% e o Dow Jones recuava 1,91%. As bolsas operam em baixa novamente, mas menor do que na última quinta-feira, quando todos os mercados da Europa encerraram com perdas superiores a 3% e o Ibovespa fechou em baixa de 5,72%, na primeira reação mais forte de medo em relação a uma recessão mundial.
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Mas, ao saber do rebaixamento dos Estados Unidos, líderes de vários países dispensaram as folgas para discutir como minimizar os efeitos da notícia e tentar evitar a segunda-feira negra. Oo anunciar a compra de títulos de Espanha e Itália, o BCE limitava os declínios dos mercados. As bolsas da Espanha e da Italia subiam.
Em nota desta manhã, o Banco Fator diz que a semana será "de digestão difícil". Para a instituição, depois de cometerem grandes erros, as agências de rating parecem buscar prestígio perdido com o rebaixamento dos Estados Unidos. "A reação da China não é inteligente: chamar o déficit dos EUA de vício é como chamar o superávit chinês de incentivo ao vício", continua o banco.
De acordo com o Fator, a reação do G20 foi anunciar o óbvio: "ninguém vai vender e desvalorizar seu principal ativo de reserva". Sobre o BCE, a instituição diz que a atitude já foi vista na semana passada, com compra de papéis da Itália e Espanha. "Risco para bancos e soberanos está lá e não nos EUA (que, de resto, emitem os dólares para pagar suas contas)."
Para o banco, a posição dos EUA no centro do império não mudou: "eles ainda vão cobrar muito imposto do mundo pela senhoriagem de emitir dólares". Mesmo assim, a casa acredita que o país entrará em recessão, mesmo sem nota da S&P. As chances de isso não acontecer são pequenas e dependem de o Banco Central do País (se reúne amanhã) partir para uma terceira colocação de dinheiro no mercado.
No mercado de câmbio, o dólar opera em alta frente ao real nesta segunda-feira.
Europa
As bolsas de valores da Europa voltavam a cair nesta segunda-feira e o índice de blue chips recuava pelo 11º pregão seguido, com o rebaixamento da nota da dívida dos Estados Unidos alimentando temores de que a maior economia do mundo possa entrar em uma nova recessão.
O índice DAX-30 da Bolsa de Valores de Frankfurt recuava 2,65% às 10h15 (horário de Brasília). O FTSE-100, em Londres, operava em queda de 1,78% e o CAC-40, em Paris, também registrava baixa de 1,25%.
Na Espanha e na Itália, o mercado chegou a reagir ao anúncio de compra de títulos dos dois países pelo Banco Central Europeu, e abriu o pregão desta segunda-feira em alta. Mas às 10h15 os índices já tinham virado. O FTSE MIB da Bolsa de Valores de Milão operava em queda de 0,53%. Na Espanha, o IBEX 35 INDEX registrava baixa de 0,19%.
Lideranças mobilizadas
Durante o fim de semana, as principais lideranças econômicas globais discutiram a situação do mercado, para evitar uma onda de contágio global.
Integrantes do grupo das 20 principais economias industrializadas e em desenvolvimento (G-20) disseram estar preparados para agir de forma coordenada com o objetivo de estabilizar os mercados financeiros e proteger o crescimento em meio à queda geral das bolsas asiáticas.
Os governos dos países do G-20 vão continuar em contato próximo e agir conforme a necessidade para "assegurar a estabilidade financeira e a liquidez nos mercados financeiros", diz um comunicado conjunto dos ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do G-20, divulgado pelo Ministério de Estratégia e Finanças da Coreia do Sul.
Bolsas asiáticas
Em Tóquio, o índice Nikkei 225 fechou no nível mais baixo desde 17 de março. O índice caiu 2,2% e terminou aos 9.097,56 pontos. Na sexta-feira, a bolsa já havia fechado em queda de 3,72%, ainda repercutindo o pessimismo sobre a crise da dívida dos Estados Unidos e a na Europa.
Em Hong Kong, a Bolsa estendeu as perdas pelo quinto pregão consecutivo e o índice Hang Seng teve queda de 2,2%, aos 20.490,57 pontos.
Na China, as Bolsas tiveram a pior pontuação em mais de um ano, com as preocupações de que as turbulências globais poderão atingir fortemente o país asiático. O índice Xangai Composto caiu 3,8% e terminou aos 2.526,82 pontos, o pior fechamento desde julho de 2010 e maior queda diária porcentual desde novembro. O índice Shenzhen Composto baixou 4,4% e encerrou aos 1.113,37 pontos.
O yuan se valorizou em relação ao dólar, após o rebaixamento da nota dos EUA. Isso fez com que o Banco Central chinês rebaixasse a taxa de paridade central dólar-yuan para o seu recorde histórico (de 6,4451 yuans para 6,4305 yuans).
Na Coreia do Sul, a Bolsa de Seul apresentou queda pelo quinto pregão seguido, na menor pontuação em quase dez meses, com agressivas vendas por parte de investidores de varejo. O índice Kospi recuou 3,82% e terminou aos 1.869,45 pontos, o pior fechamento desde 19 de outubro de 2010 - o índice acumula perdas de 14% nas últimas cinco sessões.
A Bolsa de Sydney, na Austrália, teve a pior queda em dois anos. O índice S&P/ASX 200 baixou 2,9% e encerrou aos 3.986,1 pontos.
Bolsas no mundo
A queda nos mercados acionários começou mais cedo, em bolsas de menor expressão, e antes do anpuncio do BCE. No pregão de domingo, o primeiro dia útil em Israel, a bolsa de valores local fechou em forte baixa de 6,99%. Mais cedo, no início do pregão, a bolsa de Israel entrou em circuit breaker (quando as operações são suspensas), ao abrir os negócios despencando 6,5%.
A Bolsa da Arábia Saudita, a primeira a operar após o rebaixamento dos EUA, na sexta-feira à noite, fechou o domingo praticamente estável, em leve alta de 0,08%. No sábado, o pregão pós-rebaixamento, o mercado local havia caído 5,4%.
(com agências)
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- Fonte: Thomson Reuters
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