EPAMINONDAS NETO
da Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou os negócios desta quarta-feira batendo seu 42º recorde deste ano e o terceiro do mês. O mercado acionário brasileiro reagiu positivamente à decisão do Federal Reserve (banco central dos EUA), que reduziu os juros americanos.
A decisão, no entanto, ao contrário das reuniões anteriores, não foi unânime, o que gerou algum estresse no mercado, que interpretou o "racha" como um sinal de que o ciclo de cortes dos juros americanos pode parar neste mês.
O Ibovespa, "termômetro" dos negócios na Bolsa, avançou 1,45%, na marca histórica dos 65.317 pontos.
A Bolsa também bateu outro recorde. Com o volume de negócios de hoje (R$ 6,32 bilhões), a média diária do mês superou a casa dos R$ 6 bilhões, a maior desde 1994.
"Os investidores estrangeiros estão muito confiantes na Bolsa brasileira. Você pode ver isto muito bem pelo IPO [lançamento de ações] da Bovespa. Eles pagaram o preço máximo [pelas ações], já estimando que o volume [de negócios] pode aumentar muito, quando o Brasil atingir o 'investment grade'", avalia Advaldo de Campos, da corretora Intra.
A taxa de câmbio recuou para o seu menor nível desde o dia 24 de março de 2000, nos últimos negócios desta quarta-feira. O dólar comercial foi cotado a R$ 1,737 para venda, em declínio de 0,96%.
O Fed não frustrou as expectativas dos agentes financeiros e rebaixou a taxa de juros americana de 4,75% ao ano 4,5%. A taxa básica de juros baliza o custo de empréstimos para consumidores e empresas e, portanto, pode induzir um maior ou menor crescimento do país.
Economistas defendiam há meses essa medida --o afrouxamento da política monetária-- como uma saída para evitar uma desaceleração mais brusca, ou mesmo uma recessão na maior economia do planeta, após a crise do setor imobiliário.
"Nós vimos alguma realização logo após a decisão do Fed, acho que um pouco por nervosismo, já que não foi unânime. Mas logo depois, os investidores esfriaram a cabeça e a Bolsa voltou a subir", afirma Fábio Prandini, operador da corretora Elite.
"A questão é que a Bolsa brasileira atravessa uma fase muito otimista. Mesmo com os problemas dos créditos 'subprime', e mesmo com os problemas que já aparecem por aqui de infra-estrutura e inflação, há sinais positivos", avalia Advaldo de Campos, da Intra, lembrando os projetos governamentais de investimentos.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u341566.shtml