Computadores enviam ordens de compra e venda em milissegundos (um segundo dividido por mil), conforme a estratégia definida pelo investidor
23 de maio de 2011 | 0h 00
Yolanda Fordelone - O Estado de S.Paulo
As operações com algoritmos ou de alta frequência emitem ordens programadas pelo investidor segundo um cenário traçado por ele. No momento em que o cenário se concretiza (a queda da Bolsa atinge o porcentual estipulado, por exemplo), um robô dispara a ordem.
O robô, indicado para investidores sofisticados que têm o lucro vindo de ações como principal fonte de renda - senão a única - , está sendo oferecido pela corretora Interfloat. "Para quem compra uma ação para o longo prazo, pouco importa a mínima diferença de ganhar alguns centavos a mais em cada operação", afirma o superintendente de negócios da corretora, Marcelo Cavalcante Cunha.
No entanto, observa ele, a maioria dos clientes de sua corretora "precisa ter a melhor plataforma para conseguir operar no melhor preço". O especialista conta que boa parte da clientela da corretora investe diariamente para "viver da Bolsa", na linguagem do mercado. Cerca de 600 são clientes internos, que vão às unidades da Interfloat em horário regular do pregão para operar na própria corretora.
Alguns segundos significam centavos a mais ou a menos - o que pode fazer a diferença para muitos investidores. Esse é, portanto, o principal atrativo da ferramenta, que tem velocidade abaixo de um milissegundo (um segundo dividido por mil).
"A distância entre o investidor institucional e a pessoa física estava ficando muito grande. Fica cada vez mais difícil concorrer com os grandes", diz o diretor de Capital Market da Progress Software, Luís Gustavo Penteado. A empresa forneceu a tecnologia do algoritmo para a corretora, que a adaptou para a pessoa física em parceria com a InvestFlex.
O algoritmo mapeia o mercado e aponta ao investidor as operações mais propensas a acontecer, a perspectiva de ganho e a possibilidade de perda. O investidor também pode deixar programado algum parâmetro, como a volatilidade do Ibovespa ou de outro índice; no momento em que o mercado atingi-lo, as ordens são disparadas.
Até hoje, segundo Cunha, os robôs disponíveis no mercado faziam apenas uma parte da operação: tiravam uma fotografia do mercado, avisavam o investidor quando o parâmetro era atingido ou só programavam ordens.
"Sem dúvida, a alta frequência é uma tendência", afirma o superintendente do BanifInvest, Bruno Di Giorgio. Nos EUA, estima-se que ao menos 80% das operações sejam feitas atualmente por robôs. No Brasil, não chega a 6% (ver quadro).
Cuidados. A velocidade dos negócios, das oscilações e, principalmente, da queda da bolsa tende a se tornar maior com os algoritmos, alerta o professor e especialista em mercado financeiro da Fipecafi, Eduardo Paiva. "O problema está em saber se o investidor comum sabe dirigir nessa velocidade."
Um dos principais problemas apontados por ele e outros especialistas está em confiar demais no algoritmo. "Quando a pessoa confia no procedimento da tecnologia, ela para de prestar atenção, relaxa, esquece de checar se as operações foram realizadas corretamente, não traça um plano B caso o mercado não se comporte como ela espera", explica.
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