Situação fiscal nos EUA e na Europa eleva volatilidade nos mercados
No Brasil, decisão do Copom e sinais sobre os rumos da política monetária devem mostrar se o ciclo de alta da Selic deve ter continuidade
São Paulo – A semana compreendida entre os dias 18 e 22 de julho reserva a divulgação de dados econômicos e eventos importantes, tanto no Brasil como no exterior. No plano internacional, as questões envolvendo a dívida pública nos Estados Unidos e na Europa continuam a trazer volatilidade aos mercados. Já na cena interna, o destaque vai para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sobre a taxa básica de juros (Selic), além de dados de inflação.
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As discussões sobre o aumento do teto de endividamento dos Estados Unidos e também as ameaças de rebaixamento pelas agências de classificação de rating devem continuar a trazer volatilidade para o mercado financeiro global. Na última semana, Moody’s e Standard & Poor's (S&P) colocaram o rating AAA dos Estados Unidos em observação.
A S&P informou que a nota poderá ser rebaixada no final de julho se o risco de moratória crescer. Ao mesmo tempo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e políticos do partido Republicano continuam em busca de um acordo para evitar um possível calote da maior economia do mundo.
“O limite legal de emissão da dívida deve ser alcançado no dia 2 de agosto. Caso nada seja feito, a economia dos Estados Unidos pode sofrer bastante com o não pagamento de títulos ou obrigações do governo americano”, destaca a equipe de pesquisa do Banco Fator, liderada pela analista Lika Takahashi.
Na Europa, a tensão envolvendo a situação fiscal de diversos países também chama a atenção. Líderes e ministros das Finanças continuam conversando em busca de um segundo pacote de ajuda à Grécia. O primeiro-ministro grego já disse que o país fez o máximo que era possível para evitar um default (calote) e que agora cabe as autoridades europeias chegarem a um acordo que pode ainda incluir a participação do setor privado.
Não apenas isto, o mercado europeu ainda começa a semana repercutindo o resultado dos testes de estresse no setor financeiro. Segundo a Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês), oito bancos não passaram nos testes e precisariam levantar um total de aproximadamente 2,5 bilhões de euros em capital para atingirem o nível mínimo de solidez financeira exigido pela instituição. Na última sexta-feira, as bolsas na Europa fecharam antes da divulgação dos resultados e, na maioria, caíram, à sua espera.
“As autoridades financeiras europeias e o Fundo Monetário Internacional (FMI) deverão voltar a se reunir em busca de consenso sobre o que fazer em relação à crise na Grécia, pois essa contínua elevação dos juros dos títulos espanhóis e italianos expressa com clareza quão urgente é encontrar uma solução ‘convincente’ para a crise”, destaca a equipe de pesquisa do BanifInvest, liderada pelo analista Oswaldo Telles.
“A Europa e os Estados Unidos continuarão juntos, de mãos-dadas com suas crises, concentrando toda a atenção dos agentes no mercado. Qualquer novidade em relação à elevação do teto da dívida nos Estados Unidos, ou planos de regaste na Europa, tendem a impactar o humor dos investidores de forma substancial”, completa a equipe de pesquisa da Coinvalores, liderada pelo analista Marco Aurélio Barbosa.
Entre os indicadores econômicos previstos para EUA e Europa, destaque para a bateria de dados do mercado imobiliário americano, incluindo confiança do construtor, novas construções, vendas de moradias usadas e preços residenciais, além dos importantes Indicadores Antecedentes de atividade econômica do Conference Board, previsto para quinta-feira (21), junto com a Sondagem Industrial do Escritório do Federal Reserve da Filadélfia. Na Europa, sai a confiança do consumidor da zona do euro na quarta-feira (20), além do Índice Zew de confiança na economia da Alemanha, considerada a locomotiva do Velho Continente.
Brasil: decisão do Copom é destaque em agenda carregada
Na cena interna, os olhos dos investidores se voltam na quarta-feira (20) para a decisão do Copom. “Acreditamos que a taxa será elevada para 12,50% e que o comunicado emitido após a reunião deixará em aberto a possibilidade de que o ciclo de alta tenha continuidade, dado que o risco de inflação permanece elevado, assim como o nível de incertezas em relação ao cenário”, afirma o BanifInvest.